Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar. Esopo

Dia internacional da Mulher – Mulheres que fizeram história – 2

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Pintora surrealista do século XX, Frida Kahlo constituiu nas obras um poder único de expressão de sua cultura mexicana e de percepções sobre si mesma. Entretanto, nos dias atuais tornou-se símbolo feminista não só pelas pinturas, mas por seu engajamento e empoderamento social frente a um cenário ainda conservador.

 

Introdução: Frida Kahlo, pintora mexicana e revolucionária, aos 6 anos de idade apresentou poliomielite anterior aguda que a deixou com seqüelas permanentes no membro inferior.
Apesar de assumir o corpo e vestimentas que fugiam dos moldes da época, Kahlo era cheia de contradições. As saias longas e rodadas — do estilo tehuana, da região de Oaxaca, no Sul do México — eram usadas para esconder a deformidade das pernas (uma era mais curta do que a outra por sequela da poliomielite).
Pés, para que os amo, se tenho asas para voar.

Em seu famoso e reconhecido quadro Hospital Henry Ford, Frida retrata o seu sofrimento por não ter conseguido levar a gestação até o final, mais precisamente a do seu segundo filho, no hospital em que ficou, cujo nome intitula o quadro, nos Estados Unidos.


 

Uma das principais representantes da arte abstrata no Brasil, Tomie Ohtake nasceu em Kyoto, Japão, em 1913, e se mudou para o Brasil em 1936. Sua carreira artistica teve início aos 37 anos quando se tornou membro do grupo Seibi, que reunia artistia de descendência japonesa. No final da década de 1950, ao deixar para trás a fase inicial de estudos figurativos na pintura, mergulhou em explorações abstratas. Nessa fase, realizou a série conhecida como pinturas cegas em que suprimia a visão para experimentar e desafiar as idéias fundamentais do movimento neoconcreto brasileiro, trazendo à tona em sua prática sensibilidade e intuição.

 

Em 1957, convidada pelo crítico Mário Pedrosa, ela realizou uma primeira exposição individual no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), que culminou, quatro anos depois, em sua participação na Bienal de São Paulo de 1961. Ohtake começou a experimentar vários métodos de impressão durante os anos de 1970 e, já no final da década de 1980, executou projetos esculturais de grande escala assim como esculturas públicas em São Paulo e nas cidades vizinhas. Tendo trabalhado até o fim na vida, Tomie Ohtake faleceu em 2015, aos 101 anos de idade.

 

Seus trabalhos foram exibidos inúmeras exposições. Entre as individuais mais recentes, encontramos, Tomie Ohtake: cor e corpo, na Caixa Cultural Brasília (2018), em Brasília, Brasil; Tomie Ohtake em Curitiba – Vultos, fissuras e clareiras, no Memorial da Cidade (2018), em Curitiba, Brasil; Tomie Ohtake: nas pontas dos dedos, na Galeria Nara Roesler (2017), em São Paulo, Brasil; Tomie por Tizuka Yamasaki, no Museu da Imagem e do Som (MIS) (2015), em São Paulo, Brasil. Principais coletivas recentes incluem: Ateliê de gravura: da tradição à experimentação, na Fundação Iberê Camargo (FIC) (2019), em Porto Alegre, Brasil; Surface Work, na Victoria Miro (2018), em Londres, Reino Unido; Arte moderna na coleção da Fundação Edson Queiroz,  no Museu Coleção Berardo (2017), em Lisboa, Portugal; The World is our Home. A Poem on Abstraction, no Para Site (2015), em Hong Kong, China; Fusion: Tracing Asian Migration to the Americas Through AMA’s Collection, no Art Museum of the Americas (2013), em Washington, EUA. Possui obras em importantes coleções, como: China Art Museum, Shanghai, China; Coleção Patricia Phelps de Cisneros (CPPC), Caracas, Venezuela; M+ Museum for Visual Culture, Hong Kong, China; Metropolitan Museum of Art, Nova York, Estados Unidos; Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, SP, Brazil; e Tate Modern, Londres, Reino Unido.

 

 

Nasceu em 1918 na Virgínia Ocidental e sempre gostou de aprender e de matemática. Ela era uma ótima aluna e se matriculou na West Virgínia State College quando tinha apenas 15 anos.
Katherine achava que ia ser professora de matemática ou enfermeira, como as outras mulheres que conhecia, até entrar na faculdade e conhecer seu professor, o famoso matemático W. W. Schieffelin Claytor. Ele inspirou Katherine a se tornar pesquisadora em matemática e a ajudou a escolher as
disciplinas de que precisava para atingir esse objetivo.
Aos 18 anos, Katherine se formou na faculdade. Era o auge de Grande Depressão e os empregos eram pouco, então, ela foi lecionar no Ensino Médio. Na década de 1950, a Nasa começou a ter mais
vagas para mulheres afro-americanas que fossem computadores humanos. Katherine se candidatou e conseguiu um emprego!
Katherine queria conhecer todos os detalhes daquilo em que estava trabalhando. Ela não tinha permissão para participar de reuniões, então, perguntou se era contra a lei que uma mulher assistisse a uma reunião. Sua coragem e sua curiosidade deram resultado, e ela foi incluída nas reuniões. O cálculo de planos de voo envolvia equações de geometria complexas, e Katherine era extremamente boa nelas. Ela foi transferida para trabalhar no projeto Mercury, de 1961, e conseguiu calcular a janela de lançamento.
Sua habilidade com matemática era incrível, e ela logo se tornou uma líder no cálculo de trajetórias, sendo uma parte essencial da equipe que calculou a rota para a primeira missão tripulada à Lua, em 1969. Ela fez a maior parte dos cálculos do projeto e também ficou encarregada de verificar as
contas dos novos computadores mecânicos da Nasa. A matemática tinha de ser perfeita para que os tripulantes da Apolo voltassem à Terra em segurança. A missão Apolo foi um sucesso, e as importantes
contribuições de Katherine a tornaram possível!
Mais tarde, ela trabalhou em muitos projetos importantes da Nasa, inclusive no programa dos ônibus espaciais e nos planos para a missão a Marte.
O trabalho dela ajudou os astronautas a visitar as estrelas e voltar à Terra em segurança. Ela se aposentou em 1986, depois de 33 anos de trabalho.
O reconhecimento só veio oficialmente em 2015, quando ela recebeu a Presidential Medal of Freedom – a maior condecoração que um civil pode receber nos EUA – das mãos de Barack Obama. Em maio de 2016, a NASA inaugurou uma central de pesquisa batizada com seu nome. Ela tem 98 anos e vive até hoje.
Em 2016 estreou o filme Hidden Figures (Estrelas além do tempo) baseado na história de Katherine e outras duas Matemáticas Dorothy Vaughn e Mary Jackson.

Referências bibliográficas
As Cientistas – 50 Mulheres que mudaram o mundo. Escrito e ilustrado por Rachel Ignotofsky

 

 

Carolina Maria de Jesus nasceu em 1914, na cidade de Sacramento, em Minas Gerais. Mudou-se para São Paulo, onde trabalhou como empregada e catadora de papel para se sustentar e sustentar seus três filhos, que criava sozinha. Carolina escrevia sobre seu dia a dia na favela do Canindé, Zona Norte de São Paulo, até que, em 1958, conheceu o jornalista Audálio Dantas, que a auxiliou na publicação de seus diários.

Seu primeiro livro, Quarto de Despejo, publicado em 1960, vendeu dez mil cópias, em quatro dias, e 100 mil cópias, em um ano. Esse livro relata suas vivências na favela, sobre como sobrevivia à fome com seus filhos. Até hoje é um relato atual da condição de vida de muitas outras mulheres nas favelas do Brasil.

Carolina frequentou escola até o segundo ano do Ensino Fundamental, onde aprendeu a escrever e ler, no entanto, vinda de família muito humilde e sem letramento, em sua casa não havia livros que a futura escritora pudesse ler. Muito empolgada com a nova habilidade de leitura, acabou procurando livros com sua vizinha. Foi quando teve acesso à Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães.

Ainda em Sacramento, Carolina e sua mãe foram acusadas de roubarem, o que levou sua mãe à prisão, onde ficou até que descobrissem que não houve roubo algum. No entanto, o acontecido foi marcante para Carolina, que largou tudo e mudou-se para São Paulo. Chegando em São Paulo, começou a trabalhar na casa do médico Dr. Euryclides de Jesus Zerbini, onde passava suas folgas na biblioteca da casa. Depois de ficar grávida, não pôde mais trabalhar na casa e, então, passou a viver de pegar papel na rua, separando os melhores papéis para a sua escrita diária.

Carolina, assim, escreveu todos os dias sobre sua realidade na favela, até que, um dia, o jornalista Audálio Dantas foi à favela do Canindé para fazer uma matéria. Nesse momento, Carolina e Audálio encontraram-se. O jornalista, que buscava falar sobre a favela, quando teve acesso aos papéis de diário de Carolina, percebeu que já tinha tudo e muito mais o que falar sobre a localidade.

Admirado com a capacidade de expressão de Carolina, resolveu ajudá-la a publicar seu primeiro e mais famoso livro. Apesar de Carolina não ter frequentado muito a escola, o conhecimento que adquiriu no pouco que a frequentou foi o que lhe possibilitou expressar-se enquanto mulhernegramãesolteira moradora da favela, gerando um livro que foi a alavanca de sua vida.

Ainda que tivesse ganhado muito dinheiro praticamente do dia para a noite, não conseguiu administrar sua fortuna. Enfrentando o preconceito de uma sociedade que, em grande parte, relacionava o talento de Carolina com a figura de Audálio — um homem branco e letrado — em seus livros posteriores, não alcançou o lucro que havia feito com sua primeira publicação, chegando, então, a voltar a pegar papel na rua para sobreviver, até sua morte, em 1977.

Com uma imagem determinada e uma força nítida, Carolina tornou-se uma referência de mulher negra brasileira. Sua imagem vem formando-se como um ícone de força por sua história, origem e percurso. Apesar de ter passado muito tempo esquecida, Carolina Maria de Jesus chegou a lançar seus livros fora do Brasil, tendo traduções em 14 línguas.

Sua obra foi elogiada por grandes nomes, como Clarice Lispector, que, ao ser intitulada por Carolina como “uma escritora de verdade”, respondeu que: “Escritora de verdade é Carolina, que conta a realidade”.

 

 

 

Dorina nasceu em São Paulo, no dia 28 de maio de 1919 e acabou ficando cega aos 17 anos de idade, vítima de uma doença não diagnosticada. Ela foi a primeira aluna cega a frequentar um curso regular na Escola Normal Caetano de Campos, e conseguiu a integração de outra menina cega num curso regular da mesma escola.

Vida

Dorina Gouvêa Nowill nasceu na cidade de São Paulo/SP, em 28 de maio de 1919, sendo filha de Dolores Panelli Gouvêa e Manoel Monteiro de Gouvêa. De 1927 a 1935, Dorina fez o Primário e o Ginásio (atual Ensino Fundamental I e II) no Externato Elvira Brandão.

No ano seguinte, em 1936, Dorina ficou cega, sem saber a causa real da perda de sua visão. Mesmo com as limitações do ensino da época, ela ingressou no chamado Curso Regular, na Escola Normal Caetano de Campos, em São Paulo, em 1943. A futura educadora foi a primeira estudante cega a frequentar o Curso Regular.

Durante o período escolar, Dorina decidiu mobilizar-se para diminuir as dificuldades que pessoas com cegueira e baixa visão enfrentavam para estudar e, consequentemente, inserirem-se no mercado de trabalho. Para tanto, ela desenvolveu um método de educação de crianças cegas, projeto que teve a aprovação do Departamento de Educação do Estado de São Paulo e abriu caminho para a implementação do I Curso de Especialização de Educação de Cegos na América Latina.

Educação para cegos

Em 1946, Dorina foi aos Estados Unidos especializar-se em educação para cegos. A especialização foi feita pelo curso Teacher´s College, da Universidade de Columbia. O contato com fundações localizadas em solo estadunidense possibilitou a troca de experiências e deu-lhe a possibilidade de conseguir apoio para trazer a produção em braille para o Brasil.

Dorina recebeu da Kellogg Foundation e da American Foundation for Overseas Blind uma imprensa braille completa para dar início ao seu projeto mais conhecido: a Fundação para o Livro do Cego no Brasil — atual Fundação Dorina Nowill.

Após a experiência obtida na escola com o método de ensino para crianças cegas e com sua especialização nos Estados Unidos, Dorina convenceu a Secretaria de Educação de São Paulo a criar o Departamento de Educação Especial para Cegos, em 1947.

Marido e filhos

A viagem de Dorina aos Estados Unidos rendeu-lhe o apoio que precisava para a criação de sua sonhada fundação, além de proporcionar-lhe uma parceria também na vida pessoal. Nowill casou-se com Edward Hubert Alexander, carioca importador de eletrodomésticos. Eles tiveram cinco filhos (Alexandre, Cristiano, Denise, Dorina e Márcio Manuel) e 12 netos.

Fundação Dorina Nowill

Fundação Dorina Nowill surgiu como Fundação para o Livro do Cego no Brasil, em 1946. O projeto começou suas atividades com a produção e distribuição de livros físicos em braille para a população brasileira. De lá para cá, a organização sem fins lucrativos foi responsável pela produção de mais de seis mil livros adaptados2700 audiolivros 900 títulos digitais.

As atividades da Fundação Dorina Nowill vão além do acesso à educação e da produção e distribuição de livros. São ações da organização:

  • Acesso à autonomia: oferecimento de programas de reabilitação e promoção da autonomia das pessoas com cegueira ou algum tipo de deficiência visual. As atividades são adaptadas por faixa etária, conforme a seguinte divisão: bebês e crianças de 0 a 3 anos; crianças de 4 a 6 anos; crianças de 7 anos em diante e adolescentes de até 17 anos; jovens e adultos; idosos; e familiares. As atividades contemplam prevenção e tratamento por meios terapêuticos em crianças nas fases iniciais; apoio pedagógico e orientação psicológica para crianças em idade escolar; orientação vocacional e aulas de informática para jovens e adultos; atividades socioeducativas e de fortalecimento físico e psicológico em idosos; além de orientação e esclarecimento de dúvidas para as famílias.
  • Acesso à cultura e informação: oferecimento de audiodescrição de livros; visitas guiadas com audiodescrição a museus, parques e bibliotecas; rodas de leitura; e acesso ao teatro e cinema.
  • Acesso ao trabalho: promoção de oficinas de empregabilidade; orientação vocacional e profissional; encaminhamento para cursos profissionalizantes e de capacitação profissional; além do projeto Desenvolvendo Talentos.

Prevenção de doenças

Por ter ficado cega em uma época em que a oftalmologia não contava com tantos recursos, Dorina levou consigo o desejo de que fosse possível prevenir a perda de visão.

Seus esforços resultaram na reunião do Conselho Mundial Para o Bem-Estar do Cego, órgão do qual se tornou presidente, com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia e a Associação Pan-Americana de Saúde, em 1954, no Brasil. Além disso, sua fundação promove, até os dias de hoje, atendimento oftalmológico no serviço de clínica.

Saiba mais: Visão – um dos cinco sentidos

Inclusão social e direitos

Em 1953, Dorina conseguiu que o direito à educação inclusiva das pessoas cegas fosse garantido por lei, no Estado de São Paulo, pelo decreto 2.287/1953.

Em 1961, o presidente Jânio Quadros convidou Dorina Nowill para dirigir a Campanha Nacional de Educação de Cegos, do então Ministério da Educação, Cultura e Desportos. Em sua gestão, a ativista conseguiu que fossem criados os serviços de educação de pessoas com cegueira em todos os estados brasileiros.

No ano de 1981, Dorina Nowill discursou, na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), abordando a transferência da tecnologia de países desenvolvidos para os territórios em desenvolvimento. Além disso, a educadora defendeu a criação da Década da Pessoa com Deficiência.

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